Azerbaijão suspeita que míssil russo derrubou avião no Cazaquistão
Fontes azerbaijanas citadas por veículos de imprensa internacionais e um funcionário americano levantaram a hipótese de que um míssil russo tenha derrubado um avião comercial da Azerbaijan Airlines na quarta-feira (25), causando a morte de 38 pessoas no Cazaquistão.
Nenhum dos países envolvidos confirmou oficialmente esta versão, e a Rússia já alertou sobre as "hipóteses" que circulam antes do término da investigação. As autoridades cazaques, aliadas próximas da Rússia, também denunciaram "especulações".
O avião, um Embraer 190, fazia a rota entre Baku, capital do Azerbaijão, e Grozny, capital da república russa da Chechênia, com 67 pessoas a bordo. A aeronave caiu em circunstâncias ainda pouco claras e pegou fogo próximo a Aktau, um porto no Mar Cáspio, no oeste do Cazaquistão, distante de sua rota normal.
O Azerbaijão acredita que um míssil terra-ar russo, disparado por um sistema de defesa antiaérea Pantsir-S próximo a Grozny, causou a queda do avião, segundo o Caliber, um site azerbaijano pró-governo, citando fontes anônimas. O jornal americano The New York Times, a rede de televisão Euronews e a agência de notícias turca Anadolu publicaram informações semelhantes.
Um funcionário americano, sob condição de anonimato, afirmou que os primeiros indícios apontam para a responsabilidade de um sistema de defesa antiaéreo russo. O avião deveria pousar na república russa da Chechênia, onde nas últimas semanas foram relatados ataques de drones ucranianos, em meio à guerra entre os dois países.
Autoridades russas informaram sobre ataques de drones em Ossétia do Norte e Inguchétia, regiões vizinhas à Chechênia, a centenas de quilômetros da linha de frente ucraniana.
- Buracos na fuselagem -
Especialistas militares e da aviação já haviam levantado a teoria de um míssil russo, apontando principalmente para os buracos visíveis na fuselagem do avião.
Jean-Paul Troadec, ex-diretor da agência francesa de investigação de acidentes aéreos (BEA), afirmou à AFP que "os rastros que são vistos no avião sugerem que é bastante provável" que tenha sido atingido por um míssil.
O blogueiro e especialista militar russo Yuri Podoliaka afirmou no Telegram que os buracos eram similares aos que um "sistema de mísseis antiaéreos" poderia causar.
Sob condição de anonimato, um ex-especialista da BEA comparou o incidente ao voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado por um míssil terra-ar sobre a Ucrânia em 2014.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou "um erro formular hipóteses antes das conclusões da investigação". O presidente do Senado cazaque, Maulen Ashimbayev, afirmou que "não é possível" determinar a causa da catástrofe no momento.
Inicialmente, a Azerbaijan Airlines atribuiu a queda a uma colisão com pássaros, mas depois retirou a informação. A agência de aviação civil russa (Rosaviatsia) também mencionou essa versão, mas o especialista aeronáutico Xavier Tytelman descartou tal possibilidade, considerando os danos à fuselagem.
O ministro dos Transportes cazaque, Marat Karabayev, mencionou a "explosão de um balão" a bordo da aeronave, sem dar mais detalhes. Uma investigação foi aberta por "violação das regras de segurança e de exploração do transporte aéreo". Segundo um promotor regional cazaque, duas caixas pretas foram encontradas.
O serviço Flightradar24, que permite acompanhar a movimentação dos aviões em tempo real, mostra que o aparelho atravessou o mar Cáspio, desviando-se do seu percurso normal, antes de voar em círculos sobre a zona onde caiu.
- "Trágico" -
A bordo do avião estavam 37 azerbaijanos, seis cazaques, três quirguizes e 16 russos.
Os corpos de quatro vítimas foram repatriados pelo Azerbaijão, para onde também devem ser enviados 14 sobreviventes.
Jalil Aliyev, pai da comissária de bordo Hokume Aliyeva, lamentou a morte trágica da filha.
"Por que sua jovem vida teve que terminar de forma tão trágica?", perguntou o homem com a voz trêmula.
Um avião chegou a Moscou com 9 russos feridos a bordo, incluindo uma criança.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou "condolências" ao seu homólogo azerbaijano.
T.P.MacNamara--IP