The Irish Press - Chavismo comemora posse de Maduro na Venezuela em meio à reprovação internacional

Chavismo comemora posse de Maduro na Venezuela em meio à reprovação internacional
Chavismo comemora posse de Maduro na Venezuela em meio à reprovação internacional / foto: Federico PARRA - AFP

Chavismo comemora posse de Maduro na Venezuela em meio à reprovação internacional

Uma caravana motorizada "antifascista" percorreu parte de Caracas neste sábado (11) para celebrar a posse de Nicolás Maduro como presidente de Venezuela, que a oposição tachou de "golpe de Estado" e tem gerado um repúdio internacional crescente.

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Maduro, de 62 anos, tomou posse ontem para um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031) no Parlamento controlado pelo chavismo.

A caravana chavista percorreu neste sábado o centro de Caracas, onde estão as sedes dos principais poderes do Estado, incluída a Presidência, e que, desde a semana passada, está tomado por centenas de policiais e militares.

"Estamos contigo Maduro, contigo até a morte", declarou um cidadão identificado como Víctor Izarra à emissora estatal VTV, que transmitiu neste sábado imagens de apoiadores do chavismo circulando em motocicletas.

Segundo Maduro, as Forças Armadas, a "espinha dorsal" para a estabilidade de seu governo, também lhe reafirmaram o seu apoio.

"Este novo mandato é uma oportunidade para fortalecer a paz", escreveu Maduro no Telegram, seguindo um bordão dos últimos dias.

Na outra margem, o opositor exilado Edmundo González Urrutia reivindica o poder: ele garante ter vencido com folga as eleições de 28 de julho e que a proclamação de Maduro é fraudulenta.

"Consuma um golpe de Estado [e] coroa a si mesmo como ditador", expressou González, que descartou uma agora improvável viagem a Caracas para pressionar por seu reconhecimento e o poder.

Os Estados Unidos tacharam de "farsa" o novo mandato de Maduro e a União Europeia disse que "carece de legitimidade". O Brasil expressou neste sábado "grande preocupação" pela situação no país e pediu, junto com a França, a retomada do diálogo com a oposição.

Equador, Panamá, Costa Rica e República Dominicana, que formam a Aliança para o Desenvolvimento em Democracia (ADD), rechaçaram "da maneira mais enérgica o ato ilegítimo de posse" ao considerá-lo "produto de uma fraude eleitoral imposta através do terror de Estado contra o povo venezuelano".

O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe pediu neste sábado uma intervenção militar internacional "que derrube a ditadura" de Maduro, durante um ato na cidade fronteiriça de Cúcuta em apoio a González Urrutia e María Corina Machado, o principal nome da oposição venezuelana.

"Triste personagem paramilitar e narcotraficante, assassino e criminoso, hoje pedindo a intervenção militar na Venezuela. Covarde! Vem você à frente das tropas Álvaro Uribe, lhe espero no campo de batalha, covarde, ruim, fascista", reagiu Maduro durante o encerramento de um festival "antifascista" em Caracas.

- 'Tirá-lo do cargo é improvável' -

As ruas de Caracas têm estado desoladas nestes dias, entre a incerteza e a expectativa sobre o futuro do país. Cerca de 50 pessoas foram detidas por "razões políticas" nos dias anteriores à posse, segundo a ONG Foro Penal.

À cerimônia de investidura do herdeiro político de Hugo Chávez, no poder desde 2013, compareceram alguns poucos chefes de Estado, entre eles os presidentes de Cuba, Miguel Díaz Canel, e Nicarágua, Daniel Ortega, bem como enviados de China e Rússia. Todos também acompanharam o ato em que os militares juraram lealdade e subordinação ao presidente.

"O chavismo não tem demonstrado grandes sinais de fraqueza" e "tampouco há sinais críveis de que os militares estejam interessados ou dispostos a se voltar contra o governo", explicou à AFP Rebecca Hanson, professora da Universidade da Flórida.

"Isso não quer dizer que Maduro vai durar mais seis anos, mas, a menos que alguns desses fatores mudem, tirá-lo do cargo é improvável", acrescentou.

Corina Machado, não obstante, insistiu na sexta-feira em que González Urrutia irá à Venezuela para "tomar posse como presidente constitucional [...] no momento certo, quando as condições forem adequadas".

A.Hanbury--IP